Expansão para o mercado internacional não é privilégio de grandes empresas

Para muitos empresários, a expansão internacional é adiada porque o mercado doméstico não está totalmente conquistado

Embora a globalização da economia descortine inúmeras oportunidades de expansão, o mercado internacional ainda é pouco explorado pelas empresas brasileiras. Acessar mercados externos requer ousadia, mas também muito planejamento e estudo. Não é trivial lidar com as diferenças de cultura e ambiente regulatório, porém o caminho é possível e sustentável para empresas que entendem a necessidade de planejar bem a sua expansão.

Um dos primeiros pontos a serem analisados é o momento de abraçar outras fronteiras. Para muitos empresários, a expansão internacional é adiada porque o mercado doméstico não está totalmente conquistado. Há ainda muito desconhecimento sobre o processo de internacionalização, que apresenta inúmeras vantagens.

Proprietários de pequenos e médios negócios desconhecem que existe oportunidade de ampliar suas operações para o exterior por várias frentes: importação e exportação de produtos; prestação de serviços, práticas joint ventures, franquias e investimentos diretos e indiretos. Atualmente, a internacionalização é uma estratégia fundamental para o crescimento dos negócios, que pode ser aplicada a empreendimentos de diversos tamanhos e características, portanto não se trata de privilégio das grandes empresas.

Entre os principais benefícios da internacionalização, estão acesso às novas tecnologias, acúmulo de experiências e atualização do aprendizado, escalagem do negócio com aumento da base de clientes, diminuição dos riscos e da tributação e fomento de marca global. Contudo, o processo de integração de uma empresa com o mercado externo também traz enormes desafios e exige cuidadoso planejamento, muito preparo técnico e inteligência emocional, também conhecidos como hard e soft skills.

Outra barreira é o idioma. Diante das diferenças culturais, é fundamental ajustar a comunicação à narrativa do país ou região onde será instalado o negócio. Ainda que o produto ou o serviço tenha potencial para ser consumido em qualquer parte do mundo, o cliente precisa entender como isso funciona. Então, não economize nos investimentos em comunicação, porque são imprescindíveis.

Sob o ponto de vista regulatório, é preciso ainda conhecer e compreender a legislação e a regulamentação do país ou da região que é o foco de atuação. Também é preciso fazer um estudo de viabilidade financeira, porque uma das maiores dificuldades no primeiro ano de vida em uma operação internacional é o acesso ao financiamento privado. Identificar os investidores anjos e Venture Capital requer tempo e muita dedicação.

Além disso, é necessário estudar os mercados para promover uma adaptação dos produtos aos consumidores locais e contar com uma rede de recursos humanos capaz de montar os melhores times. Montar uma equipe nativa com experiência exige fôlego financeiro, portanto a gestão de caixa racional é fator primordial no processo de internacionalização. Quando bem planejada, a gestão de caixa permitirá a adequação necessária de produtos e serviços à necessidade dos consumidores locais, dentro dos requisitos regulatórios de cada jurisdição.

A construção inicial de times e a aclimatação do empreendedor ao ambiente de negócios do país podem deixar a tarefa de empreender fora do Brasil ainda mais complexa. Internacionalizar não é fazer turismo ou apenas satisfazer escolhas pessoais: há impactos nos negócios.

Se o empresário tem sócios, por exemplo, é importante que todos embarquem nesta viagem e estejam confortáveis a bordo, ou seja, é uma decisão conjunta. Os processos e a estruturação de uma nova empresa em um ambiente desconhecido levam mais tempo e podem impactar qualquer negócio já consolidado no país de origem. Então, é crucial estudar a dinâmica de negócios local e realizar um planejamento técnico e financeiro detalhado.

Não há dúvidas de que a internacionalização corresponde a uma estratégia de crescimento para diversos modelos de negócios, mas é preciso estar disposto para minuciosos estudos e adequar o preparo profissional e pessoal. Se essa é uma meta da sua empresa, o fator principal é ter um objetivo claro é identificar quais lugares oferecem as melhores condições para alcançar esse resultado.

Antes de ultrapassar fronteiras, prepare-se. Essas etapas incluem a pesquisa detalhada dos mercados, entendimento de leis e regulamentações do país em questão. Outro ponto que precisa ser amplamente estudado é a cultura do país onde o negócio será estabelecido.

Assim como nos mercados domésticos, não há como abrir mão de um plano de negócios sólido e ter capital disponível para investir. São fundamentais também a busca por parceiros locais; a ampliação de redes de contatos – networking, e a execução de um piloto para validação de sua tese e adaptabilidade ao mercado. Outro fator indispensável é contar com parceiros para construir a equipe e a estrutura local.

Os desafios são inúmeros, porém as oportunidades são abundantes. O ponto de partida é um bom planejamento. Um processo de internacionalização requer estudo, dedicação e muita racionalidade. Romper fronteiras é uma decisão estratégica, que, quando bem fundamentada, desconhece limites.

*Daniel Pisano, cofundador da VURDERE, e Julian Tonioli, CEO da AUDDAS

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