Três pessoas com problemas de visão sérios conseguiram voltar a enxergar por mais de um ano após receberem transplantes de células-tronco, segundo um estudo publicado na revista científica The Lancet.
O estudo clínico, não randomizado e de braço único, envolveu quatro pacientes com LSCD bilateral, com idades entre 39 e 72 anos. As cirurgias consistiram no transplante de folhas de células epiteliais corneais derivadas de iPSCs (iCEPS), após a remoção de tecido fibroso da córnea. Dois pacientes receberam imunossupressores em baixa dose, enquanto os outros dois foram tratados sem o uso desses medicamentos.
A principal preocupação do estudo foi avaliar a segurança do procedimento. Durante o acompanhamento de 52 semanas, seguido de um monitoramento adicional de um ano, nenhum evento adverso grave, como rejeição imunológica ou tumor, foi identificado. Os pacientes apresentaram melhoras na acuidade visual corrigida, redução da opacificação da córnea e melhoria na qualidade de vida.
Após dois anos, nenhum dos participantes apresentou efeitos colaterais graves, como rejeição ou formação de tumores, risco associado ao uso de células iPS. Os enxertos não foram rejeitados, mesmo em dois pacientes que não receberam imunossupressores. Além disso, todos os pacientes relataram melhora imediata na visão após o transplante, com três deles mantendo os resultados por mais de um ano.
Especialistas destacaram que as melhorias podem ter ocorrido devido à proliferação das células transplantadas ou à ativação de células nativas do olho que regeneraram a córnea. Jeanne Loring, pesquisadora de células-tronco da Scripps Research, e Kapil Bharti, do Instituto Nacional de Olhos dos EUA, classificaram os resultados como um avanço significativo.
ANTES E DEPOIS - Brilho: após terapia, olho voltou a ficar cristalino (à dir.) (The Lancet/.)