
Na terça-feira, 4 de março de 2025, o Sambódromo da Marquês de Sapucaí recebeu o terceiro e último dia de desfiles do Grupo Especial do carnaval carioca. Quatro escolas de samba se apresentaram: Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela.
Mocidade Independente de Padre Miguel
Abrindo a noite às 22h, a Mocidade trouxe o enredo “Voltando para o Futuro – Não Há Limites pra Sonhar”, uma reflexão sobre o futuro da humanidade e os impactos da tecnologia. Diferentemente de outras escolas que abordaram temas ligados à negritude ou africanidade, a Mocidade optou por um conteúdo mais denso, alertando sobre os benefícios e malefícios tecnológicos. O intérprete José Paulo Ferreira Sierra destacou que o samba transmitiu uma mensagem direta sobre a importância e os perigos da tecnologia.
Paraíso do Tuiuti
Em seguida, por volta das 23h30, a Paraíso do Tuiuti apresentou “Quem Tem Medo de Xica Manicongo?”, narrando a história de Xica, considerada a primeira travesti do Brasil. Escravizada no Congo e levada para Salvador, Xica enfrentou perseguições religiosas e de identidade. O carnavalesco Jack Vasconcelos enfatizou a importância de abordar a “transcestralidade” e a relevância das pessoas trans na história mundial.
Acadêmicos do Grande Rio
Por volta das 0h50, a Grande Rio entrou na avenida com “Pororocas Parawaras: as Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”. O enredo contou a história transmitida nos terreiros de tambor de Mina da Amazônia paraense, começando com a chegada de três princesas turcas em busca de cura. A escolha do tema coincidiu com a realização da COP 30 no Pará. O carnavalesco Leonardo Bora destacou a continuidade de valorizar diferentes territórios e saberes de matriz oral.
Portela
Encerrando a noite às 2h10, a Portela homenageou Milton Nascimento com o enredo “Cantar Será Buscar o Caminho que Vai Dar no Sol”. Os carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues buscaram mostrar a relação da obra de Milton com a vida de seus fãs, transformando o desfile em uma celebração coletiva. Rodrigues mencionou que cada ala representou grupos de pessoas cantando as músicas do artista, com alegorias funcionando como andores dessa homenagem.
Este ano marcou a primeira vez que os desfiles do Grupo Especial foram divididos em três dias, com quatro escolas se apresentando por noite. Cada agremiação teve entre 70 e 80 minutos para desfilar e foi avaliada em nove quesitos: bateria, samba-enredo, harmonia, evolução, enredo, alegorias e adereços, fantasias, comissão de frente e mestre-sala e porta-bandeira. A apuração das notas ocorreu na quarta-feira, 5 de março, e as seis escolas mais bem colocadas, junto com a campeã, retornaram ao Sambódromo no sábado, 8 de março, para o Desfile das Campeãs.